Os sumérios
Primeiro povo a ocupar e urbanizar as margens dos rios Tigre e Eufrates, os sumérios formaram uma das mais antigas civilizações da História.
Originários do Planalto do Irã, mais ao norte, o povo sumério chegou na região conhecida como “Baixa Mesopotâmia” por volta do quarto milênio a.C., iniciando no local os primeiros grupos populacionais que algum tempo depois formariam as primeiras cidades-estados, lideradas pelas dinastias reais que perpetuavam-se no poder apoiadas pela burocracia sacerdotal.
Mas o mais importante dos sumérios é o que foi deixado, o legado para os povos posteriores, pois muitas das realizações deste povo ficaram perpetuadas na História.
Controlando o (até então) incontrolável:
É uma “certeza histórica” que as sociedades mesopotâmicas só se desenvolveram porque conseguiram, em um determinado momento, domar as cheias dos rios Tigre e Eufrates, assim como a sociedade egípcia dominou as águas do rio Nilo e também construiu uma das maiores civilizações da Antiguidade.
Só que no caso dos sumérios – e dos povos mesopotâmicos, de um modo geral -, domar as cheias dos dois rios da região significava mais do que boas colheitas, pois as cheias nesta região eram destrutivas. Explico: os dois rios eram muito caudalosos, apresentando um volume de água durante as cheias bem maior do que o rio Nilo, e mante-los sob controle garantia também a integridade das construções – casas, templos e espaços públicos.
Além, é claro, de garantir a irrigação dos campos cultiváveis por um período maior do ano, devido a construção de diques e represas, além dos canais para levar a água até localidades distantes das margens dos rios.
Quando dominadas, as águas proporcionaram abundância de alimentos, gerando sobras, acúmulo de alimentos e uma maior facilidade para o desenvolvimento de uma sociedade sedentária.
Organização social dos sumérios:
Algumas das maiores cidades sumérias foram Uruk, Eridu, Lagash, Nippur, Kish, Ur e Umma. Todas elas, apesar de serem cidades-estados independentes, mantinham uma hierarquia social bem semelhante.
Inicialmente os sacerdotes, apoiados pelo “corpo eclesiástico” de cada cidade governavam o povo e as decisões principais partiam deste grupo sacerdotal. Em determinados momentos, quando uma cidade estava em guerra com outra, um general tomava a frente da administração, e gradativamente o eixo político responsável pelas principais decisões das cidades passou para opatesi, o líder principal, que passou a atuar apoiado pelos sacerdotes.
Não parece uma grande diferença, mas se olharmos com mais atenção, veremos que o modelo de administração passou a ser mais centralizado com o patesi, e a passagem do poder se dava por hereditariedade, configurando uma dinastia.
Toda a administração pública estava concentrada em torno dos zigurates, o único grande edifício das cidades, uma espécie de centro político-administrativo-religioso, que em algumas cidades servia até como depósito de grãos.
Inventando a escrita, usando a matemática, fundindo o metal…
Já falamos aqui sobre a invenção da escrita, mas não custa citar que os sumérios foram os primeiros responsáveis por transformar os sons da fala em símbolos e gravá-los em tábuas de argila.
Pode parecer pouco, mas a escrita cuneiforme – primeiro método de escrita que se tem notícia – facilitou muito a administração pública e o comércio. Além de usarem a escrita, os sumérios ainda expandiram o costume para as regiões próximas, difundindo ainda mais a prática.
E os sumérios também aproveitaram a escrita para perpetuar suas tradições orais, seus poemas, cânticos, fábulas e até mesmo as leis das cidades.
Eles também sabiam fazer um bom uso da matemática em suas grandes obras públicas. Ou vocês acham que construir um zigurate é fácil? Além disto, os extensos canais de irrigação também necessitavam de conhecimento matemático para virarem realidade.
Uma outra função do zigurate era de servir como posto de observação das estrelas, afinal era um lugar alto e naquela época, sem a “poluição luminosa” que temos hoje nas cidades, imaginem como os astrônomos sumérios enxergavam o céu. Não é de se espantar que eles tinham um grande conhecimento astronômico para a época.
Em muitas cidades já havia o uso de carroças e animais para o arado. O uso poderia até ser considerado comum em várias outras sociedades da época, mas na Mesopotâmia ele tomou contornos de “larga escala”, facilitando ainda mais na expansão das áreas cultiváveis. Além disto os ferreiros já fundiam o cobre e o bronze, auxiliando na criação de armas e outros objetos de uso comum.
Religião suméria:
Eram politeístas, adorando várias divindades, como An eNammu, respectivamente deuses pai e mãe do universo. Inanna era a deusa da guerra e Enlil o deus dos ventos, e existiam vários outros deuses, muitos deles tomavam lugar de destaque dependendo da cidade, que cultuava cada uma um deus “principal”.
Segundo os sumérios, os deuses expressavam seu “humor” com fenômenos da natureza. Quando estavam zangados com o povo, o castigo era um terremoto ou uma cheia muito forte. Este costume de associar desastres naturais aos deuses manteve muitos sacerdotes ocupados na Antiguidade…
As lutas entre as cidades e o declínio dos sumérios:
Não havia paz plena, mesmo entre os sumérios. Como estavam organizados em cidades-estados, era comum uma cidade declarar guerra à outra, seja por causa de território, ou por questões comerciais.
Isto acabava enfraquecendo as cidades, e foi justamente depois de uma guerra entre as cidades de Lagash e Ur que os semitas chegaram na região e iniciaram um processo de conquistas, partindo da cidade de Acad por volta do ano 2350 a.C. e tomando todo o território dos sumérios em alguns anos.
Não houve o “fim” dos sumérios, pois sua cultura e seus costumes continuavam vivos, mas houve uma assimilação de costumes entre os povos, e desta fusão de costumes nasceu o Império Acadiano, que praticamente unificou toda a região da Baixa Mesopotâmia e manteve o controle por alguns séculos.
Falando sobre o povo Sumério
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